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Após pedir duas vezes para ser ouvido, padre Egídio silencia em depoimento ao Gaeco

O Padre Egídio de Carvalho Neto silenciou, nesta quarta-feira (1º), diante dos promotores do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba (MPPB). O religioso é suspeito de envolvimento em suposto esquema de desvio de recursos de doação do Hospital Padre Zé e da Ação Social Arquidiocesana (ASA), ambos comandados por ele até recentemente. O recurso ao direito do silêncio ocorre na mesma semana em que o juiz da 4ª Vara Criminal de João Pessoa, José Guedes Cavalcanti Neto, negou um pedido de prisão preventiva feito pelo órgão de persecução criminal.

O silêncio do religioso ocorre, também, depois de vários pedidos dele para ser ouvido pelo Gaeco. Duas semanas atrás, guiado pelo advogado Sheyner Asfora, ele chegou a ir ao Ministério Público dizendo que queria ser ouvido. A insistência ocorreu outras vezes, mas sem ser atendido. Juristas ouvidos pelo blog se dividem sobre a estratégia adotada por Egídio em relação ao silêncio. Para uns, o objetivo de se mostrar disposto a colaborar tem a ver com cautela para evitar uma prisão preventiva. Para outros, o objetivo é tumultuar o processo. O blog não conseguiu contato com o advogado do religioso.

O padre foi alvo, no início do mês passado, da “Operação Indignus”, que mirou também duas ex-diretoras do Hospital Padre Zé. São elas Jannyne Dantas (ex-diretora administrativa) e Amanda Duarte (ex-tesoureira). As duas também foram alvos de pedidos de prisão solicitados pelo Gaeco, mas que acabaram negados pela Justiça em decisão proferida na última segunda-feira (30). Oito mandados foram cumpridos em João Pessoa, um no Conde e dois em São Paulo.

A investigação, segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público da Paraíba, aponta para uma absoluta e completa confusão patrimonial entre os bens e valores de propriedade das referidas pessoas jurídicas com um dos investigados, com uma considerável relação de imóveis atribuídos, aparentemente sem forma lícita de custeio, quase todos de elevado padrão, adornados e reformados com produtos de excelentes marcas de valores agregados altos. As condutas indicam a prática, em princípio, dos delitos de organização criminosa, lavagem de capitais, peculato e falsificação de documentos públicos e privados.

O escândalo foi descoberto após denúncia do desaparecimento de celulares doados ao Hospital Padre Zé pela Receita Federal do Brasil. Os equipamentos seriam leiloados para que os recursos fossem revertidos para a manutenção da instituição de saúde. Um funcionário do hospital, chamado Samuel Rodrigues, chegou a ser preso, mas teve a detenção convertida no cumprimento de medidas cautelares. Ele até tentou fazer acordo de delação premiada, mas ela não foi aceita pelo Ministério Público.

A apuração, além disso, apresentou indícios de suposto enriquecimento ilícito do Padre Egídio, que seria o proprietário de imóveis de luxo em João Pessoa, São Paulo e outros estados. O fato chamou a atenção das autoridades pelo alto valor dos imóveis. O religioso foi afastado do comando do hospital, da ASA e da paróquia onde atuava por decisão da Arquidiocese da Paraíba. A decisão foi do arcebispo, Dom Delson, que tem colaborado com as investigações.

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