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Mídia nacional cobra Hugo Motta por cortes na Câmara após escândalo de funcionários fantasmas

Embora defenda publicamente a necessidade de cortes de gastos como solução para o equilíbrio fiscal do país, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), tem conduzido uma gestão marcada por práticas que caminham na direção oposta. Um dos episódios mais recentes envolve a contratação de funcionárias fantasmas em seu gabinete, além da manutenção de uma estrutura legislativa com fiscalização precária.

Segundo editorial da Folha de S.Paulo, pelo menos três mulheres foram contratadas para cargos de secretário parlamentar — que exigem jornada de 40 horas semanais e dedicação exclusiva —, mas suas rotinas e declarações revelam um descompasso com as exigências do cargo. Nenhuma das contratadas conseguiu explicar com clareza quais funções desempenha no gabinete de Motta ou demonstrar o cumprimento efetivo das atividades previstas.

As contratações geraram um gasto de R$ 112 mil apenas em 2025, somando salários, auxílios e gratificações. Confrontado com as denúncias, o deputado alegou que cobra comprometimento dos assessores, mas não apresentou provas concretas do trabalho das funcionárias. Em vez disso, optou por demitir duas delas — medida vista como paliativa, especialmente diante do discurso de renovação que acompanhou sua ascensão à presidência da Casa, a mais jovem da história da Câmara.

O episódio reabre críticas recorrentes à má gestão dos recursos públicos no Legislativo. A folha de pagamento dos assessores parlamentares, por si só, custa mais de R$ 1 bilhão ao ano, sem que haja controle efetivo sobre a jornada de trabalho ou a produtividade desses servidores. Essa ausência de fiscalização alimenta suspeitas de que o número de assessores “fantasmas” pode ser ainda maior do que o conhecido.

As críticas também alcançam o uso das emendas parlamentares, que somam cerca de R$ 50 bilhões anuais. Muitas dessas emendas são executadas sem acompanhamento técnico, planejamento estratégico ou transparência, o que agrava ainda mais a desconfiança da população com relação ao Congresso. Não por acaso, pesquisa do Datafolha revela que quase 60% dos brasileiros afirmam sentir vergonha dos parlamentares que os representam.

A situação se torna ainda mais delicada diante da recente tentativa do Congresso de ampliar o número de deputados federais — proposta que foi vetada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para a Folha, o caso de Hugo Motta exemplifica com clareza a urgência de um processo real de contenção de despesas, revisão de privilégios e combate ao uso patrimonialista dos recursos públicos, em vez da ampliação irresponsável das estruturas de poder.

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