Pular para o conteúdo Pular para a barra lateral do Vá para o rodapé

OPINIÃO: Bolsonaro, o novo coronavírus e a face doentia do radicalismo político

Bolsonaro durante evento no Aluízio Campos, em CG.Foto: Maurílio Júnior

A confirmação de que o presidente Jair Bolsonaro foi infectado pelo novo coronavírus comprovou o adoecimento do extremismo político e o quanto o debate é fomentado no campo das emoções, o que facilita o entendimento do nível de irracionalidade que a discussão gera. Por um lado, Bolsonaro menosprezou a doença e os doentes com comportamentos e frases insensíveis que beiravam a desumanidade, tipo: “eu não sou coveiro”, quando questionado sobre a marca de dez mil mortes no Brasil. Conduta inadequada e irresponsável até para um chefe de Estado, fato que gerou reprovação internacional.

Por outro lado, a reação dos adversários de Bolsonaro em relação ao diagnóstico do presidente veio na mesma intensidade de irracionalidade e desumanidade até. Críticos ferozes do discurso de ódio do presidente, sem perceber ou não, destilaram o mesmo veneno nas redes sociais. Chegaram a criar a hastag força, coronavírus. É revoltante, desumano, imoral e irracional desdenhar da memória das vítimas da Covid-19 e do sofrimento dos seus parentes, como fez Bolsonaro, mas é desumano, imoral e revoltante da mesma forma,  “vomitar” ódio, vingança e desejar a morte de outro ser humano nas redes sociais, principalmente, quando o motivo é de natureza política. Pode-se até tentar justificar esse comportamento como uma reação, mas mesmo assim, não deixará de ser desumano, inadmissível e reprovável.

A verdade é que os fatos comprovam que o debate do extremismo político foge do campo da lógica, da razão e expõe os sentimentos mais primitivos do ser humano, como ódio, vingança e morte. Revela o adoecimento da alma. Perceba que o sentimento é o mesmo no extremismo, o que muda é apenas a forma de enxergar a realidade. A psicanálise tem explicação para o fenômeno e o denomina de projeção, que é um mecanismo de defesa ego, em que eu não enxergo em mim mesmo aquilo que facilmente identifico e passo a criticar, violentamente, no outro. O ódio e vingança fazem parte de mim, mas não os reconheço, porém vejo no outro. É uma espécie de espelho. Dentro desse contexto, tanto a extrema esquerda quanto a extrema direita são faces da mesma moeda, alimentadas pelos mesmos sentimentos, apenas com objetivos diferentes. Freud explica!

 

Deixe um comentário