Vitor Hugo afirmou que teve fala retirada de contexto e disse que parte das pessoas em situação de rua recusa acolhimento da prefeitura e usa doações para comprar drogas. Ministério Público notificou o gestor para prestar esclarecimentos.
O secretário de Turismo de João Pessoa, Vitor Hugo, voltou às redes sociais nesta sexta-feira (17) para comentar a repercussão negativa de declarações feitas sobre pessoas em situação de rua durante uma audiência pública na Câmara Municipal.
Na postagem, o gestor disse que “pessoas má-intencionadas distorceram” suas palavras “querendo o jogar contra as pessoas”. Ele afirmou que o prefeito Cícero Lucena e o vice-prefeito Leo Bezerra têm “olhar humano” para essa população e que sua fala se referia apenas à necessidade de ordenar o espaço turístico da cidade.
“Eu disse que o prefeito Cícero e o Leo têm esse olhar humano para essas pessoas, que aquele local [na praia] não é adequado para elas, principalmente para desenvolver o turismo, que é a parte que eu sou responsável. Então, não dá para que a gente faça turismo com moradores de rua e a maioria deles nem da nossa cidade é”, declarou o secretário.
A polêmica teve início após o secretário afirmar, durante a audiência, que alimentar moradores de rua não é correto, porque isso, segundo ele, incentiva a permanência nas ruas. A fala gerou críticas de entidades e parlamentares.
Nesta sexta, Vitor Hugo esclareceu que sua intenção foi chamar atenção para o uso inadequado de doações, e não para condenar gestos de solidariedade.
“Quando falo da alimentação a essas pessoas, do dinheiro que dão, é porque eles fomentam o tráfico de droga na nossa cidade. O dinheiro que eles ganham, eles compram drogas para vir ali drogado. E não é correto, gente. Então, é esse ponto que eu queria tratar”, explicou.
O secretário afirmou ainda que tem responsabilidade sobre a imagem turística da cidade e que a presença de pessoas em situação de rua na orla de Tambaú “impacta o cartão-postal da capital”.
“Enquanto secretário de Turismo, eu tenho que ter responsabilidade. E, para deixar João Pessoa como a capital queridinha do Brasil, a gente não pode ter moradores de rua morando em Tambaú. É isso que nós estamos preocupados. É isso que toda população tem que dar as mãos”, concluiu.
A fala motivou uma notificação do Ministério Público da Paraíba, que abriu procedimento para que o secretário preste esclarecimentos sobre as declarações. O órgão considerou que o discurso pode ter caráter discriminatório contra pessoas em situação de vulnerabilidade.
A Prefeitura de João Pessoa informou que mantém políticas de acolhimento a pessoas em situação de rua, com abrigos e alimentação diária, além de ações de reinserção social e de saúde voltadas a esse público.
