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Rombo bilionário nos Correios vira arma bolsonarista contra Lula em 2026

A necessidade de os Correios pedirem um empréstimo de R$ 20 bilhões para tapar prejuízos vai virar munição eleitoral contra Lula em 2026.

O que aconteceu

No primeiro semestre deste ano, os Correios registraram prejuízo de R$ 4,36 bilhões. O resultado também foi negativo em 2023 e 2024. A empresa atribui parte dos problemas de caixa à taxa das blusinhas, que resultou em perda de receita. Um plano de reestruturação foi anunciado neste mês, mas a estatal depende do empréstimo bilionário.

Bolsonaristas usarão o rombo para dizer que Lula e o PT aparelham as estatais. O senador Rogério Marinho (RN), secretário-geral do PL, vai lembrar o eleitor do histórico de prejuízos em empresas públicas durante governos de esquerda.

A direita tentará associar Lula à ex-presidente Dilma Rousseff. “São os mesmos métodos, a mesma forma. Aparelhamento da máquina pública, gastar como se não houvesse amanhã. Tudo o que aconteceu naquela época está acontecendo de novo”, disse Marinho.

Na campanha, o bolsonarismo dirá que Lula repete o cenário que levou à crise de 2016. Como secretário-geral do PL, Marinho é responsável por formular a estratégia do partido para as eleições.

O senador disse que abastecerá candidatos do partido com orientações para atacar o PT usando os Correios. Marinho faz viagens pelo país para conversar com lideranças regionais e vai orientar seus colegas de partido a se dirigir à população carente. “Nós sabemos onde vai estourar essa conta. No peito da população mais frágil que eles [membros do PT] dizem que defendem.”

Os bolsonarista amarrarão o prejuízo dos Correios à crítica de que Lula gasta demais. Segundo Marinho, será dito ao eleitor que o PT cria impostos para bancar o descontrole nos gastos em uma gestão irresponsável.

O rombo também será usado para tentar neutralizar armas do presidente para 2026. Neste ano, Lula criou programas para isentar as classes D e E de pagar por gás e luz. O PL argumentará que são projetos populistas criados para fins eleitorais e sustentados por déficit fiscal.

Apesar das críticas de Marinho, Bolsonaro também lançou pacote de bondades para tentar se reeleger em 2022. O ex-presidente reduziu impostos para baratear a conta de luz, o gás e os combustíveis, programas para isentar as classes D e E de pagar por gás e luz. O PL argumentará que são projetos populistas criados para fins eleitorais e sustentados por déficit fiscal.

Apesar das críticas de Marinho, Bolsonaro também lançou pacote de bondades para tentar se reeleger em 2022. O ex-presidente reduziu impostos para baratear a conta de luz, o gás e os combustíveis, criou auxílios para caminhoneiro e taxistas e ampliou o Auxílio Brasil, nome do Bolsa Família na época.

Fernando Haddad usou esses gastos de Bolsonaro em ano eleitoral para rebater os ataques que sofre. O ministro da Fazenda lembrou que o governo do ex-presidente adiou o pagamento de precatórios (dívidas do governo já reconhecidas pela Justiça) para ter dinheiro para bancar seu pacote de bondades. “Paguei uma dívida do governo anterior que tinha que ser paga. Prefiro ficar com pecha de quem gasta demais do que ficar com pecha de caloteiro”, disse o ministro na semana passada.

“Nós temos um governo que toda hora pede permissão ao Congresso para ultrapassar o teto fiscal ou o arcabouço fiscal que ele mesmo votou [para criar]”, senador Rogério Marinho (PL/RN).

Comparar Lula e Bolsonaro

A direita usará o prejuízo da gestão Lula nos Correios para enaltecer Bolsonaro. Líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ) disse que o eleitor será chamado a comparar os dois últimos presidentes do Brasil.

Governo Bolsonaro – lucro de R$ 3,1 bilhões
Governo Lula 3 (até o 1º semestre de 2025) – R$ 7,5 bilhões de prejuízo.

Saldo dos Correios no governo Bolsonaro foi positivo, mas houve prejuízo no último ano da gestão. A empresa registrou R$ 767,5 milhões em perdas em 2022, revertendo os lucros obtidos nos anos anteriores.

Líder do PL culpa a pandemia. Sóstenes Cavalcante (RJ) argumenta que o aumento aos funcionários ficou represado em anos anteriores por causa da covid-19 e, ao ser concedido de uma única vez, em 2022, comprometeu o balanço dos Correios. Por outro lado, o bom resultado da estatal nos anos Bolsonaro também foi influenciado pela pandemia, que gerou um boom nas vendas online.

O PL também vai insistir que Lula e Bolsonaro escolhem gestores de forma diferente. Durante a campanha eleitoral do próximo ano, o partido dirá que o petista colocou um aliado, e não um técnico, à frente dos Correios.

A empresa foi dirigida até setembro por Fabiano Silva dos Santos. Advogado, ele faz parte do Prerrogativas, grupo de juristas que se posicionou contra a operação Lava Jato e se aproximou do presidente. Com o rombo, ele saiu e foi substituído pelo economista Emmanoel Rondon.

No governo Bolsonaro, os Correios foram comandados por um militar. Antes de assumir a estatal, o general Floriano Peixoto Neto fez carreira no meio militar e foi secretário-geral da Presidência na gestão Bolsonaro.

Crédito: UOL

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