O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), usou os aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) para agendas com o mercado financeiro sete vezes no primeiro semestre de 2025.
O que aconteceu
O levantamento do UOL, com base nas informações divulgadas pela FAB, aponta que as viagens aconteceram de abril a julho. A maioria das agendas aconteceu em São Paulo. Os itinerários incluem ainda Nova York e Lisboa.
Os compromissos no estado paulista foram eventos fechados com empresários do mercado financeiro. A agenda abarca reuniões com o Esfera Brasil, o banco Safra e a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e um seminário dos jornais Valor Econômico e O Globo e da rádio CBN.
Maratona de encontros com donos de bancos. No dia 19 de maio, Motta foi a São Paulo para uma reunião com CEOs de bancos que compõem o conselho diretor da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) e integrantes da CNF (Confederação Nacional das Instituições Financeiras). No mesmo dia, houve um almoço com o IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo) e a participação em uma conferência do Centro de Debate de Políticas Públicas.
Jantar com ex-governador de São Paulo e donos de empresas. Em outra viagem a São Paulo, Motta foi convidado para um convescote na casa do ex-governador João Doria, do grupo Lide, com cerca de 50 empresários e caciques da política.
Nas viagens, Motta foi acompanhado por até 12 pessoas. A Força Aérea não publicou o nome dos passageiros, apenas marcou a autoridade que solicitou a aeronave, o número de viajantes e as cidades de origem e desembarque, assim como os horários de decolagem e pouso.
A FAB afirmou ao UOL que a divulgação da lista de passageiros é responsabilidade da autoridade que solicitou o avião. Motta foi procurado por meio de sua assessoria de imprensa para divulgar a lista de pessoas que viajaram com ele e não respondeu à reportagem.
Viagens com aviões da FAB são regulamentadas por decreto. A norma foi atualizada em 2020 pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) e autoriza o uso das aeronaves pelo vice-presidente da República, presidentes do Senado, Câmara e STF. Ministros do governo, da Defesa e comandantes militares também podem utilizar o meio de transporte.
Autoridades podem solicitar os aviões da FAB em situações de emergência médica, segurança ou viagem a serviço. Na prática, os solicitantes usam os voos para compromissos que não são ligados à sua função e que, geralmente, não constam nas agendas oficiais. As autoridades podem liberar para a FAB abrir a lista de passageiros, o que normalmente acontece com ministros. Mas Motta escolhe não divulgar.
Voos de Motta foram solicitados por razões de segurança, segundo os registros da FAB. A Folha de S. Paulo mostrou, no entanto, que os presidentes da Câmara, do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e do STF, Luís Roberto Barroso, usaram os aviões da FAB para ir ao Festival de Parinti.
Crédito: UOL
