Pular para o conteúdo Pular para a barra lateral do Vá para o rodapé

Governo irresponsável com Congresso hipócrita: a fórmula perfeita para quebrar o Brasil

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), ganhou holofotes recentemente ao criticar o governo federal por tentar resolver o desequilíbrio fiscal com aumento de impostos. Ao derrubar o projeto do Executivo que elevava o IOF, Motta afirmou que o governo deveria cortar gastos, e não mirar apenas na arrecadação como solução para o rombo das contas públicas. Concordo. O Brasil não pode continuar penalizando a sociedade produtiva em nome da incompetência administrativa. Mas o problema é a incoerência de quem aponta o dedo.

Enquanto prega austeridade, o Congresso Nacional — com o próprio Hugo Motta à frente — aprova medidas que vão exatamente no sentido contrário. Entre elas, o aumento no número de deputados, o que representará um custo adicional de R$ 64 milhões por ano. Além disso, aprovaram o absurdo aumento do fundo eleitoral para 2026. Isso sem falar no projeto apresentado pelo próprio Motta, no qual autoriza parlamentares a acumularem a aposentadoria de ex-deputados federais com o salário de qualquer mandato eletivo, seja no Congresso, nas assembleias legislativas, nas câmaras municipais ou no Executivo. No final, mais gastos e mordomias para os parlamentares.

É impossível exigir responsabilidade fiscal de um governo que gasta mal, quando o próprio Congresso age de forma ainda mais irresponsável. Se há um verdadeiro desejo de arrumar as contas públicas, o gesto tem que partir também da Câmara e do Senado. Onde está, por exemplo, a reforma administrativa? Engavetada há anos. Onde estão os cortes nos supersalários do funcionalismo público e nas regalias escandalosas dos próprios parlamentares? Ausentes. O discurso por mais responsabilidade não se sustenta diante de um comportamento que drena os cofres públicos em silêncio — ou pior, com pompa e festa.

A situação fiscal do Brasil é gravíssima. Especialistas projetam que, ao final deste ano, o orçamento estará comprometido em 77%. Além disso, o orçamento da União está cada vez mais engessado pelas emendas parlamentares — que em 2025 devem atingir a cifra de R$ 50 bilhões. Isso compromete investimentos em áreas essenciais e deixa o Executivo refém de interesses paroquiais.

O Brasil está, portanto, nas mãos de um governo que não sabe gastar e de um Congresso que exige cortes com a boca enquanto aprova aumentos com a caneta. É uma combinação tóxica, perigosa e insustentável. Se nada mudar, vamos continuar rodando em círculos até esgotar a última gota de confiança na classe política. 

Deixe um comentário