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Federação entre PP e União Brasil emperra nos estados e pode implodir antes de 2026; PB concentra maior impasse

A formação de uma federação entre PP e União Brasil, que poderia se tornar a maior força política do Congresso em 2026, enfrenta fortes obstáculos nos estados. Apesar do aceno positivo de parte da cúpula das duas siglas, disputas locais travam o avanço da aliança em pelo menos 13 unidades da federação — e o maior imbróglio está na Paraíba.

No estado, PP e União Brasil ocupam campos opostos. O PP articula a candidatura do vice-governador Lucas Ribeiro à sucessão de João Azevêdo (PSB), enquanto o senador Efraim Filho (União) é nome forte da oposição com pretensões majoritárias. “Sou defensor da federação, mas ela precisa respeitar a força de cada partido nos estados”, disse Efraim.

Lucas é filho da senadora Daniella Ribeiro (ex-PSD) e sobrinho do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), aliado de Ciro Nogueira. Já Efraim aposta no respaldo da cúpula nacional do União Brasil para consolidar sua candidatura.

O modelo de federação em discussão prevê que cada partido comande a aliança em nove estados, com os demais sob gestão dos diretórios nacionais — uma tentativa de administrar os conflitos regionais com decisões consensuais. Na prática, os líderes locais resistem a abrir mão de protagonismo e estrutura.

Segundo apuração da Folha, a presidência da federação deve ser entregue a Arthur Lira (PP-AL), com apoio direto de Ciro Nogueira. Juntos, os dois partidos somariam uma bancada de 108 deputados e 13 senadores, além de mais de R$ 1 bilhão em fundo eleitoral. Mas a disputa por espaço nos estados ameaça todo o projeto.

No Acre, o governador Gladson Cameli (PP) quer lançar a vice Mailza Assis ao governo, mas Alan Rick (União), líder nas pesquisas, ameaça deixar o partido caso não tenha apoio. No Paraná, Sergio Moro se movimenta para disputar o governo, enquanto o PP mira o Senado com aliados de Ratinho Jr., como Pedro Lupion e Ricardo Barros.

Na Bahia, o União Brasil tenta manter ACM Neto no controle da federação, enquanto o PP flerta com o governador petista Jerônimo Rodrigues. No Ceará, o PP apoia o governo Elmano de Freitas (PT), enquanto o União faz oposição. Em Pernambuco, o impasse opõe Eduardo da Fonte (PP), aliado da governadora Raquel Lyra, e Miguel Coelho (União), ligado ao PSB.

“Se houver federação, temos que nos respeitar e ter sinergia”, defende Miguel Coelho. “Não saio do União. Ele não sai do PP. Vai ter que funcionar na base da conversa.”

Nos principais colégios eleitorais, como São Paulo, Rio e Minas, a indefinição é total. Em SP, PP e União orbitam o governo Tarcísio de Freitas, mas disputam protagonismo. O PP aposta no secretário de Segurança, Guilherme Derrite, como plano B caso Tarcísio concorra à Presidência. No Rio, o União quer lançar Rodrigo Bacellar ao governo com apoio do PL, enquanto o PP se aproxima de Eduardo Paes (PSD).

Apesar do discurso sobre “governabilidade” e “unidade democrática”, a disputa por recursos e controle político ameaça transformar a federação em um barril de pólvora — com potencial de sabotar o projeto antes mesmo da eleição de 2026.

“A federação é boa para quem governa”, resumiu ACM Neto. Mas quem comanda, de fato, ainda está longe de ser definido.

Foto: Reprodução / Divulgação / Montagem)

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