O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que a aprovação da anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro já conta com o apoio da maioria na Câmara. Bolsonaro, que monitora de perto a atuação de parlamentares de centro e oposição, acredita que os votos para a proposta na Casa de Leis estão garantidos.
Em um momento de expectativa sobre a possível acusação de tentativa de golpe de Estado por parte da Procuradoria-Geral da República, Bolsonaro se reuniu com parlamentares opositores no Senado, no início da tarde, buscando apoio para sua agenda.
Bolsonaro afirmou também que obteve a aprovação do presidente do PSD, Gilberto Kassab, para avançar com a pauta. Em entrevista, ele disse: “Há dez dias conversei com Kassab, conversa reservada. Ele falou já parte do que aconteceu. Hoje o que eu sinto conversando com parlamentares, como os do PSD, é que a maioria votaria favoravelmente. Acho que na Câmara já tem quórum para aprovar a anistia“.
Conversa com Motta
O ex-presidente comentou sobre o encontro de Hugo Motta, presidente da Câmara, com familiares de um preso pelos eventos de 8 de janeiro. Bolsonaro interpretou a declaração de Motta, que afastou a possibilidade de o 8 de janeiro ser caracterizado como um golpe de Estado, como um aceno à proposta de anistia.
“Conversei lá atrás com ele (Hugo Motta). Hugo Motta dá declarações, recebeu aquela senhora com seis filhos, cujo marido está foragido, talvez esteja na Argentina. Essa punição é justa? Essa dosimetria é justa? 17 anos de cadeia? Foi o que o Hugo Motta disse: Não podemos ignorar a pauta do maior partido da Câmara”.
Bolsonaro também se pronunciou sobre a recente condenação imposta pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o declarou inelegível após alegações de ataques à integridade do pleito de 2022.
“Por que estou inelegível pela Justiça Eleitoral? Por ter me reunido com embaixadores? Eu não me reuni com traficantes no morro do Alemão. Por que discursei no 7 de setembro? Usei os meios do 7 de setembro para angariar eleitores? Acabou o desfile, entreguei a faixa, subi no carro de som e fui falar com o povo. Isso é motivo de inelegibilidade? Eles querem negar a democracia e me proibir de disputar a eleição. Estão com medo do quê? A pesquisa hoje diz que estou cinco pontos à frente do nove dedos (Lula), inclusive a dona Michelle (Bolsonaro) na frente dele. É sinal de que ele (Lula) está derretendo, é incompetente, o povo está sofrendo“.
PGR
Antes de o ex-presidente chegar para o almoço, senadores aliados minimizaram as possíveis acusações da Procuradoria-Geral da República e, assim como Bolsonaro, mencionaram a pesquisa encomendada pelo PL, realizada pelo Paraná Pesquisas, que aponta uma vantagem para Michelle Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro e o próprio ex-presidente sobre o petista nas intenções de voto para as eleições de 2026.
Ao ser questionado sobre um possível cenário de prisão, Bolsonaro não respondeu. Senadores aliados também evitaram comentar a possibilidade de encarceramento do ex-presidente.
Anistia e Ficha Limpa
Além disso, Bolsonaro fez críticas à Lei da Ficha Limpa, que impede candidatos condenados em segunda instância de disputarem eleições. Em declarações anteriores favoráveis à lei, o ex-presidente afirmou que ela está sendo utilizada “para beneficiar a esquerda e perseguir a direita”.
Ele ainda comparou a situação dos Estados Unidos, dizendo que, se a lei existisse lá, Donald Trump jamais teria sido eleito. “A anistia é uma coisa e a lei da Ficha Limpa é outra. Os Estados Unidos não têm a lei da Ficha Limpa, se tivesse, Trump estaria inelegível. A prioridade para mim é a anistia, para essas pessoas que estão presas e são inocentes. Imagina vocês, a mãe acordar e dormir sem o filho do lado”.
Crédito: O Antagonista
Foto: Divulgação PL