O presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino (Republicanos), lançou uma “bomba” no colo do governador João Azevêdo (PSB) ao classificar, ontem, durante entrevista à Arapuan, como desastrosa a declaração de João, na qual afirma que a candidatura de Lucas Ribeiro, vice-governador, é natural, caso Azevêdo deixe o governo para disputar o Senado.
A fala do governador revela apenas o óbvio. Questionado sobre a movimentação dos aliados, a exemplo do próprio Galdino, Cícero Lucena e Lucas Ribeiro, João considerou normal e legítima e pontuou que Lucas, provavelmente, será candidato à reeleição caso ele dispute o Senado. O óbvio ululante, mas nem todas obviedades devem ser ditas, sobretudo, na política, com inúmeros interesses em jogo.
A declaração do governador soou como desdém para o presidente da Assembleia, que deixou claro na entrevista guardar algumas mágoas políticas com João. A primeira, ainda referente a eleição da Presidência da ALPB, que segundo Galdino, ele não recebeu apoio de João. E, agora, a atitude desrespeitosa do governador, segundo Adriano, em não procurá-lo para conversar sobre sucessão, já que havia lançado a pré-candidatura.
No entanto, em momento algum, João disse que Lucas seria o candidato do grupo, caso deixasse o governo. Ele revelou confiança no vice-governador, que não deixa de ser um gesto, afago, todavia, deixou claro que o candidato do grupo seria o que estivesse melhor avaliado. Até concordo que a fala de João, politicamente, não foi a mais estratégica, porque antecipou a expectativa de poder do vice-governador, porém, não vejo potencial para tamanha crise gerada por Galdino.
O presidente da Assembleia alimentou a esperança de ser o candidato de João, esperava um gesto nessa direção, mesmo em várias oportunidades, sinalizando diálogo com a oposição. Um erro crasso para quem tenta viabilizar uma candidatura na base governista. A entrevista, na minha visão, foi apenas o gatilho para vir à tona mágoas reprimidas. Ao que tudo indica, a fala bombástica de Galdino cria a oportunidade de pavimentar a candidatura ao governo do estado pelo campo da oposição.