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Operação Calvário: Justiça solta ex-assessor ligado a Livânia Farias, mas proíbe contato com outros suspeitos

Leandro Nunes foi preso na segunda etapa da operação que apura desvios de recursos públicos e pagamentos a autoridades

O Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) determinou a soltura do ex-assessor da secretaria de Administração do Estado, Leandro Nunes Azevedo. Ele foi solto na última sexta-feira (1º). Leandro foi preso na segunda etapa da operação Calvário, exatamente um mês antes. Na mesma ação, houve cumprimento de mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos secretários Livânia Farias (Administração) e Waldson de Souza (Planejamento e Gestão). A decisão é do relator do caso no TJPB, o desembargador Ricardo Vidal de Almeida. O magistrado, no entanto, determinou medidas cautelares, entre elas, recolhimento domiciliar noturno e comparecimento mensal em juízo. Há também a proibição de contato com outras pessoas acusadas de envolvimento no suposto esquema de corrupção.

A ação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPPB visa desarticular uma suposta organização criminosa responsável por desvios de recursos públicos em contratos firmados com o governo da Paraíba. No centro das atenções estão contratos da Cruz Vermelha Brasileira filial Rio Grande do Sul e do Instituto de Psicologia Clínica, Educacional e Profissional (IPCEP) que movimentaram R$ 1,1 bilhão de 2011 até o final do ano passado.

A Cruz Vermelha e o IPCEP administram o Hospital de Emergência e Trauma, o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires e o Hospital Regional de Mamanguape. Além de Leandro, foram presos também na operação Daniel Gomes da Silva e Michelle Louzada Cardoso. Também foi alvo de mandados de busca e apreensão a empresária Analuisa de Assis Ramalho Araújo, ligada ao ramo alimentício. Daniel tentou habeas corpus no Rio de Janeiro, mas não obteve sucesso no recurso protocolado no Tribunal de Justiça.

Leandro

As informações sobre a soltura de Leandro foram confirmadas ao blog por uma fonte do PB1, onde ele estava preso. Durante o período em que esteve preso, o suspeito foi ouvido por promotores do Ministério Público da Paraíba. Houve também muita especulação na imprensa sobre uma provável colaboração premiada. Nada foi confirmado até o momento. O ex-assessor da Secretaria de Administração era muito ligado à secretária Livânia Farias. Ele atuava como auxiliar na pasta desde 2011 e foi exonerado, neste ano, poucos dias depois de ser procurado pelo Fantástico.

Caixas de dinheiro

As investigações do Ministério Público mostraram que, durante a campanha eleitoral de 2018, ele foi ao Rio de Janeiro em suposta operação de transporte de valores repassados pela Cruz Vermelha. O chefe da organização criminosa, de acordo com o MPPB e o MPRJ, é o empresário Daniel Gomes da Silva.

O Ministério Público chegou até Leandro após um cruzamento de informações mostrar trocas de mensagens que indicavam o encontro dele com Michelle Cardoso, secretária de Daniel. No dia 9 de agosto de 2014, ela procura membros da organização para a indicação de alguém que pudesse fazer uma escolta. A operação ocorreria no dia seguinte. Com o carro acompanhado por outro da empresa, ela segue para um hotel no dia 10, levando uma caixa de uísque. Nela, o Ministério Público acredita que tinha dinheiro, em quantidade não conhecida. No hotel, ela se encontrou com Leandro Nunes, que, curiosamente, se hospedou no hotel Hilton Copa Cabana às 22h do dia anterior e retornou à Paraíba horas após receber a caixa das mãos de Michelle.

Leandro trabalhava no governo desde 2011, sempre em pastas comandadas por Livânia Farias. Ele tinha salário de R$ 11,6 mil até o ano passado. O Ministério Público chegou ao encontro após o cruzamento de trocas de mensagens e interceptações telefônicas. O uso de caixas de uísque para o transporte de valores fruto de propina já foi revelado por Danid Gomes da Silva, pai de Daniel, o comandante da Cruz Vermelha. Em gravação do programa Fantástico, da Rede Globo, ele foi flagrado oferecendo propina em nome da empresa Toesa. “Os caras são muito discretos. Nem parece que é dinheiro. Traz em caixa de uísque, caixa de vinho. Fica tranquilo. A gente está acostumado com isso já”, ressaltou em depoimento que foi parar no processo protocolado contra os acusados na Justiça do Rio de Janeiro.

Blog do Suetoni

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