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Análise: Ideb e a estranha reação do governo estadual

O secretário de Educação do Estado da Paraíba, professor Aléssio Trindade, acabou externando uma estranha reação aos números do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) em relação à avaliação do ensino nas escolas da rede estadual.

Na verdade, o secretário fez coro a uma reação, no mesmo sentido, manifestada pela maioria dos secretários de Educação de Estados do Nordeste, quase todos governados por políticos que se intitulam de esquerda, e de onde não se espera esse tipo de posição. Se os secretários falam, não dá para não inferior que refletem o pensamento dos governadores.

A reação se torna ainda mais estranha porque não houve manifestações semelhantes nas outras regiões do país, em que pese à maioria dos Estados também não terem obtido as notas esperadas.

Qual é a reação? Contestar as regras do Ideb ao invés de prestarem atenção na educação.

A meta do Ideb para as escolas de ensino médio em 2017 era 4,0, mas a Paraíba só obteve 3,1. Nota muito baixa. O mais grave é que o ensino ministrado pelo Governo do Estado não atinge as metas do Ministério da Educação há cinco anos.

Na reação, o governo da Paraíba contesta as notas do Ideb, assim como outros governadores do Nordeste, alegando que a avaliação não leva em conta os investimentos feitos na construção e reforma de escolas e na implantação do ensino profissionalizante.

A Paraíba, para surpresa geral, segundo o secretário Aléssio Trindade, tem até seu próprio método de avaliação, que seria o Ideb/PB. Ou seja, o próprio governo criou um sistema para avaliar a ele próprio, algo, aqui, como Narciso se avaliando diante do espelho.

Não existe razão para a estranha contestação da Paraíba e de outros governadores do Nordeste. Os municípios de todos os Estados nordestinos não precisaram de mudança nas regras de avaliação para terem suas escolas aprovadas no Ideb. Especificamente na Paraíba, a grande maioria dos municípios não apenas atingiram as metas do Ministério da Educação como obtiveram notas elevadas.

Uma escola de João Pessoa – a José Novais, no bairro do Novais – obteve a nota 7,4, a meta a ser atingida no ensino fundamental era apenas 5,0. Diversos prefeitos estão comemorando os resultados e muitos de peito lavado, por terem superado problemas graves e desconfiança geral e conseguido pôr a educação no rumo certo.

Por que os municípios conseguiram superar as metas do Ideb e o governo do Estado não tem conseguido nos últimos anos?

Nacionalmente, os analistas acreditam que o problema é que teriam esquecido de investir em quem ensina, ou seja, nos professores. É uma conclusão razoável. Basta tomar como base a equivocada argumentação do Governo da Paraíba de que o modelo de avaliação do Ideb não serve porque não leva em consideração o investimento na estrutura das escolas.

Do outro lado, de bate-pronto, em consonância com a tese de que é preciso se olhar para o professor e para as pessoas que integram o sistema de ensino, o prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, orgulhoso dos índices obtidos pelas escolas municipais, disse, em visita à Escola José Novais, que, na educação, nas basta cimento, é preciso se cuidar do conhecimento.

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